Pasta da Educação segue sem rumo desde o início do governo

A Educação é um pilar tão importante para o desenvolvimento de um país, de um povo, de uma vida mais digna, que requer planejamento plurianual, estruturado como projeto de Estado e não de governo. Só assim será assegurada sua independência ideológica, que precisa ser blindada de alterações temporais e efêmeras. Esse debate não é de hoje é agenda antiga da sociedade. Mas a falta de planejamento da atual gestão é algo que joga por terra todas as luzes já acesas pelo poder executivo e nos coloca na escuridão.

Nos últimos 2 anos o “planejamento” do MEC se expressa pela falta de consistência e objetivos em todas as frentes. Inicialmente, se considerou até hilário a tentativa de desqualificar toda e qualquer ação dos governos anteriores. Um exemplo disso foi o questionamento sobre o legado dos pensadores da educação que construíram os modelos pedagógicos, mas até então sem propor nada novo e plausível para substituí-los.

A largada desta gestão se deu com o filósofo Ricardo Vellez Rodrigues, que não conseguiu construir nem uma frente de proposta, permanecendo no cargo 3 meses e 8 dias, ainda no período de total normalidade dos idos de 2019. E a chegada do polêmico economista Abraham Weintraub não significou qualquer mudança positiva ao já inoperante MEC. Foi considerado o período mais bélico e destrutivo para a educação pelos interlocutores e atores do setor.

Sua substituição não poderia ter sido mais dantesca, tendo à frente da pasta por 4 dias como ministro, o professor Carlos Alberto Decotelli, que chegou a ser nomeado, mas não assumiu depois de diversas divergências e questionamentos quanto ao seu currículo.

Na sequência, o professor e pastor, Milton Ribeiro, assume o papel de quarto ministro da educação da gestão presidencial de Jair Bolsonaro no início da segunda quinzena de julho de 2020, em meio a pandemia e ao isolamento social que devastou os estudos de mais de 40 milhões de brasileiros matriculados em programas de educação, desde o infantil até o ensino superior.

Até agora, mais preocupado em mostrar a sua obediência ao senhor presidente, apoiando a retomada da educação presencial sem construir qualquer proposta de apoio a partir de recursos tecnológicos ou de inovação metodológica já aplicadas nas redes privadas, nada foi estruturado de positivo para a educação a partir de 2021. O quadro se repete no INEP, órgão responsável pelo ENEM, que teve 4 presidentes neste mesmo período, e todos sem qualquer relação de continuidade.
Tal é a inoperância desta pasta e tantas são as mudanças que fica difícil saber quais ações poderão vir a acontecer mesmo diante do interesse provocado pela reeleição. Será uma triste história a ser contada, com muitos personagens desconexos, sem enredo e sem clareza do que se desenha no final.

César Silva – Presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia
– Publicado primeiro em 14h56min, 21/01/2021 – Jornal do Comércio
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