Especialistas avaliam dois anos de gestões do MEC no governo Bolsonaro

Docentes e entidades estudantis enxergam retrocessos na condução do ministério desde janeiro de 2019. Para um professor, a gestão foi positiva por ser mais nacionalista

Os últimos dois anos de atuação do Ministério da Educação (MEC), permeado por crises provocadas pelas gestões polêmicas e trocas de ministros, podem ter provocado perdas no cenário educacional brasileiro.

Esse é o diagnóstico de especialistas, que acreditam também que conquistas de gestões anteriores foram perdidas e que o cenário piorou com o início da pandemia da covid-19.

Para Erasto Fortes, professor da área de políticas educacionais e gestão da educação da Universidade de Brasília (UnB), a condução de políticas educacionais é uma das maiores perdas da gestão do MEC sob o governo Bolsonaro.

O docente chama a atenção para os servidores de carreira da pasta. “O ministério tem um conjunto de profissionais de altíssima qualidade, que estão ali para servir o Estado e não governo A, B ou C”, diz. Então, haveria um potencial para fazer muito mais e aproveitar melhor essa expertise.

“O ministério precisa fornecer mais apoio técnico para a execução de políticas educacionais mais assertivas, o que ele não faz”, diz. Ele avalia que o MEC não deu continuidade a “conquistas de gestões passadas”.

O professor deu como exemplo de inação do MEC o próprio Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Sem uma ação forte do Congresso Nacional como a que ocorreu, o país não teria mais o fundo, avalia Erasto.

Gestão aberta à iniciativa particular trouxe esperanças que não se concretizaram

Francisco Borges, consultor de políticas educacionais da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), tratava a expectativa de um governo “aberto à iniciativa particular” como positiva, o que poderia permitir o surgimento de novas oportunidades de educação. No entanto, a esperança não se concretizou.

Borges diz que o ministério “parece não estar na vida real” tanto por causa das ações da pasta quanto pela falta delas em áreas chave nos últimos dois anos. “Durante o tempo de Abraham Weintraub, por exemplo, o ministério não fez nada, não desenvolveu nada”, critica.

O acadêmico avalia que a educação superior do país sofrerá sem a devida atenção da pasta às faculdades particulares, que “estão sem receber visitas e autorização do MEC para a criação de novos cursos de graduação”. Ele alerta que isso pode causar demissões em massa nas instituições particulares, que precisam se atualizar.

Publicado primeiro em Correio Braziliense: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/educacao-basica/2021/02/4903978-especialistas-avaliam-dois-anos-de-gestoes-do-mec-no-governo-bolsonaro.html

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