Com a casa desorganizada, Edutechs têm a chance de ditar o rumo do ensino no Brasil

Há uma total falta de compromisso com as metas estabelecidas nos Planos Plurianuais estabelecidos para a educação, cenário que provoca a desorganização que se vê. A casa está de pernas para o ar e abre uma oportunidade para quem souber inovar e apresentar práticas capazes de superar o caos e promover o aprendizado.

É fato que há indefinições decorrentes de um sistema educacional carente de recursos tecnológicos e deficitário de metodologias que assegurem acesso ao conteúdo, tanto nas escolas públicas como nas privadas. Falta também uma estratégia aderente às necessidades da sociedade e do mercado profissional e que vise contribuir com os objetivos dos jovens que são, obrigatoriamente, vinculados aos níveis de educação mesmo sem saber por quê e para quê.

Em um país com 26 estados e o Distrito Federal, são 5570 municípios, que compartilham a gestão da educação pública nos seus níveis de educação básica (infantil, fundamental I e II e médio) e superior com o governo federal, sem uma real política pública de educação, o que se pode esperar?

É o cenário ideal para aprofundar a vala diante de uma pandemia mundial que exige mais do que agilidade no comando, um propósito e um plano real de objetivos nunca antes estabelecido para propor ações de apoio aos alunos, aos professores, planos de capacitação voltados a novas metodologias e organização para uma retomada construtiva das atividades acadêmicas.

À parte do desafio causado pelo ineditismo do risco de contaminação, a falta de uma política clara de estado, neste caso como nação, chefiada pelo governo federal, destaca não só na educação, mas em todos os outros setores, mais ou menos importantes, situações dignas de filmes de pastelão. A tragicidade aflige não só pelos reflexos nesta geração de alunos, mas principalmente pelo efeito dominó que causará em todos os níveis da educação – do infantil ao ensino superior – por anos, quem sabe décadas.

Ninguém mais se pergunta, por exemplo, se a reforma da Base Nacional Comum Curricular será aplicada, efetivamente, neste ano e no próximo. A dúvida básica é quando vamos iniciar as aulas e como será o processo de retomada.

Ler os sinais do mercado da educação com tantas nuvens escuras impedindo a visão de integração das etapas e de análise do todo é uma tarefa delicada, mas não impossível. E os movimentos dos grandes grupos educacionais nos permitem antecipar que todos estão pensando em atuar de maneira integrada, nos diversos níveis da educação, utilizando recursos online, mediados por tecnologia.

Sinais diários nos indicam que as instituições de ensino superior que ofertam educação a distância, já com plataformas EaD – denominadas ambientes virtuais de aprendizagem, AVAs – passarão a atuar na educação básica como parceiros de escolas ou incorporando algumas delas. Assim, atores educacionais que lançaram mão das tecnologias para superar práticas ultrapassadas, como as EduTechs se tornarão os divisores de água na nova estrutura de oferta do mercado educacional.

Cada uma à sua maneira, essas startups promovem inovações no aprendizado que poderão servir de exemplo, e possivelmente ditar o futuro do ensino no Brasil, graças à flexibilidade de se adaptar aos desafios impostos em momentos de crise como o que vivemos. E que também trazem consigo algumas oportunidades.

* César Silva é diretor Presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) e docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC-SP há mais de 30 anos. Foi vice-diretor superintendente do Centro Paula Souza. É formado em Administração de Empresas, com especialização em Gestão de Projetos, Processos Organizacionais e Sistemas de Informação

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