Educação financeira nas escolas

Fio de esperança aos profissionais do futuro

O de Projeto de Lei 5.950/2023, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e, atualmente, tramita no Senado Federal, tem como uma das propostas mais esperançosas a inclusão da “administração financeira” na grade curricular da educação básica, em todo o Brasil. No texto, de autoria do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), estão previstas mudanças que podem representar, no futuro, um importante passo no enfrentamento a um problema urgente entre os adultos: a dificuldade de administrar finanças pessoais e de seus negócios.

Recentemente, me deparei com uma pesquisa feita pelo Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (Ceape Brasil) que revelou um dado alarmante: cerca de 70% dos microempreendedores brasileiros têm dificuldade em pagar as contas da empresa, como as dívidas com fornecedores ou remuneração de colaboradores. No mesmo levantamento, somente 54,1% dos empreendedores entrevistados afirmaram que têm o costume de separar as contas pessoais das pertencentes à empresa. Claramente, um exemplo dessa falta de preparo.

Estimular o jovem na perspectiva do trabalho

Infelizmente, este não é um problema de agora. Há alguns anos venho alertando sobre a necessidade de uma reestruturação que priorize atrair os jovens, oferecendo conteúdos que, de fato, serão importantes para suas carreiras profissionais.

É preciso que o governo estabeleça uma política que estimule esses jovens a terem uma perspectiva de trabalho. Hoje, uma parcela considerável dos estudantes não se interessa pelos estudos, por não terem interesse pelas matérias aplicadas e por não enxergarem um futuro a partir delas. Portanto, não haverá desenvolvimento socioeconômico, consciência de coletividade e nem redução da desigualdade sem a inserção produtiva da juventude e acesso a uma educação de qualidade.

Em todo este contexto, os conhecimentos básicos relacionados à educação financeira são imprescindíveis pois, como bem citado pelo autor do PL, ela engloba diversas habilidades e conhecimentos fundamentais para o sucesso financeiro dos indivíduos, por abranger conceitos básicos sobre poupança, planejamento, administração eficiente do dinheiro, investimentos, empréstimos e instruções sobre como lidar com dívidas.

Reforço prático dos conteúdos tradicionais

Por mais que os efeitos práticos pareçam distantes, esse é um passo necessário que já passou da hora de ser dado. As próximas gerações, bem como o recorte da sociedade brasileira que daqui uns anos estará envelhecida, não podem ficar condenadas às consequências econômicas desastrosas que a falta de uma boa saúde financeira, no geral, pode causar.

A educação financeira é a melhor forma de contextualizarmos conteúdo, de trazermos materialização a números decimais, frações, escalas e proporção. Temas que contribuem para o exercício da mente na solução dos problemas corriqueiros e de maior visibilidade em todos os setores.

Educação para gerir recursos estimula a aprendizagem e desenvolve atitudes sustentáveis e de governança. Como educador, vejo a luz se acendendo.

(*) Francisco Borges é mestre em Educação e consultor da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT)
Publicado primeiro em: O Tempo (https://www.otempo.com.br/opiniao/artigos/educacao-financeira-nas-escolas-1.3319170)
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