IA deve transformar o ensino de idiomas, mas não substitui aprendizado
Capacidade da IA de identificar padrões e selecionar materiais e recursos específicos para cada estudante pode aprimorar significativamente o aprendizado
A integração da inteligência artificial no ensino de idiomas tem sido um tema cada vez mais presente nos debates educacionais. Para entender melhor como essa tecnologia pode impactar o aprendizado de línguas, conversamos com especialistas que avaliaram o uso da IA nesse contexto.
“O uso de IA no ensino de outros idiomas se tornará um grande diferencial estratégico”, afirma Magali Nascimento, especialista em estudos linguísticos e consultora da Fundação FAT.
Segundo ela, a capacidade da IA de identificar padrões e selecionar materiais e recursos específicos para cada estudante pode aprimorar significativamente o aprendizado.
Waldomiro Pereira Filho, coordenador do núcleo de tecnologia da FAC-SP (Faculdade do Comércio de SP), concorda que cursos de idiomas não vão deixar de existir, mas vão ter que mudar sua formatação utilizando a IA para acelerar, transformar e tornar o aprendizado mais dinâmico. “A IA não vai acabar com cursos de idiomas, vai transformar e escolas vão ter que se adaptar a esse novo mecanismo”, avalia Pereira Filho.
Transformação
No Paraná, alunos do Ensino Fundamental contam com uma ferramenta digital com IA para estudar inglês, o programa Inglês Paraná Teens.
De acordo com o governo do estado, a inteligência artificial interativa é programada para dar suporte aos alunos permitindo conversas por voz ou chat e tornando o aprendizado mais dinâmico.
O lançamento do Inglês Paraná Teens integra os esforços do Governo do Estado para potencializar o processo ensino-aprendizagem por meio da tecnologia e da inovação, viabilizando o desenvolvimento de uma habilidade fundamental para o mundo do trabalho: a fluência em inglês.
Substituição do inglês
Especialistas consideram que a preocupação de que a inteligência artificial substituir o ensino tradicional de línguas, como o inglês, é infundada.
“A IA não vai acabar com o ensino de inglês e nem de outras línguas”, garante Magali.
Para ela, a IA pode ser aplicada em ferramentas de tradução, mas a autonomia de comunicação em uma língua estrangeira continuará sendo uma vantagem competitiva. “Sempre será importante aprender a se expressar em outro idioma”, destaca.
“A tendência é que a IA seja usada como um agente facilitador do aprendizado”, diz.
Para Raquel Ponchio, que tem mais de 20 anos de experiência em educação e especialização em educação bilíngue, o avanço da IA em todas as áreas do saber certamente serão impactadas pelas novas tecnologias, ainda assim, ela considera que essa ruptura não ocorrerá nos próximos anos.
“De acordo com o British Council que é uma organização internacional do Reino Unido para relações culturais e oportunidades educacionais, a língua inglesa provavelmente será a disciplina mais comum para o uso da IA na educação, sem dúvida a formação e o treinamento de professores de língua inglesa devem incluir um foco na alfabetização em IA”, diz.
Aliada no ensino
A especialista comenta que a Fundação FAT, por exemplo, já está explorando o uso de recursos tecnológicos com agentes de IA em programas de especialização. Esses agentes permitem uma maior interação no processo de estudos e oferecem materiais personalizados de acordo com as preferências e identidade de cada estudante.
Os agentes de IA têm o potencial de engajar mais os estudantes por meio da interação e da facilidade de buscar informações adicionais sobre o tema em estudo. “Os agentes de IA são ferramentas que vão engajar mais os estudantes”, afirma.
Com a possibilidade de personalizar o aprendizado e aumentar a interação, a IA se apresenta como uma ferramenta valiosa para o ensino de idiomas. A Fundação FAT oferece cursos de especialização que utilizam agentes de IA, demonstrando o potencial dessa tecnologia para melhorar os resultados educacionais.
A integração da IA no ensino de línguas não apenas facilita o aprendizado, mas também destaca a importância da comunicação autônoma em idiomas estrangeiros. À medida que a tecnologia avança, é provável que vejamos uma adoção cada vez maior de agentes de IA na educação, revolucionando a forma como aprendemos e ensinamos línguas.
“A IA não brinca em serviço, todos os seus fundamentos como: algoritmos genéticos, aprendizado profundo, árvore de decisão, sistema especialista, processamento de linguagem natural e muitos outros estarão a todo vapor sendo aprimorados para melhor eficiência dos serviços”, diz Raquel.
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