A jornada do setor da educação até 2022

O ano de 2022 será um marco para setor. É neste ano que todas as escolas privadas e públicas vão, obrigatoriamente, absorver as reformas relacionadas à Base Nacional Comum Curricular e do Ensino Médio. No fim das contas, todos vão precisar adequar cursos, modelo de negócios e equipes para atender às novas demandas e engajar alunos e professores.

As instituições de ensino precisarão demonstrar como se articulam para ofertar educação contextualizada, com eixos flexíveis, escolhidos pelos alunos, e também como se organi­zam para oferecer cursos em mais de um turno, com as 3.000 horas obrigatórias para o ensino médio. Até o momento, poucos foram os passos dados para a adaptação.

Não só as Secretarias Estaduais de Educação, como tam­bém Ministério da Educação e as Secretarias de Emprego, hoje vinculadas ao Ministério da Economia, vão desenvolver ações que movimentarão milhões de reais para ofertar mais 600 horas de educação para os alunos de ensino médio e também educação contextualizada para os alunos do ensino fundamental.

A grande batalha, contudo, se dará na educação pro­fissional de nível médio, pois os segmentos estão se estru­turando e se articulando para ofertar cursos profissionali­zantes que complementarão a educação no preenchimento dessas horas a mais. As IESs (Universidades, Centros Universitários e Faculdades) buscam nas portarias do MEC de nº 1717 e nº 1718, de 8 de outubro, a resposta para ofertar cursos técnicos profissionalizantes de nível médio. Já as escolas técnicas se organizam para oferecer cursos na modalidade presencial e EaD.

Ao mesmo tempo, as instituições profissionalizantes de cursos livres estão credenciando colégios ou até, no limite, comprando faculdades, presenciais e EaD. Com isso, podem oferecer cursos técnicos sem a burocracia exigida para apre­sentação dos projetos pedagógicos aos órgãos responsáveis, processo que pode levar mais de 12 meses.

Será um grande desafio para que os grupos atuantes do setor se mantenham competitivos e para que seja assegurada a qualidade da formação dos alunos, respeitando as novas normas, mas também as demandas da sociedade – afinal, muitas vezes a legislação não conversa com a realidade do século XXI.

Que venha o ano de 2020 com novos desafios e com opor­tunidades para as escolas e para as IESs. Que estas possam demonstrar suas capacidades de formação e que os alunos te­nham oportunidades de desempenharem papéis no mercado de trabalho a partir de suas formações. O desafio está dado.

César Silva é Diretor-presidente da Fundação FAT e docente da FATEC há mais de 30 anos.