Ações de educação sofrerão volatilidade ao longo do ano

Nova resolução do MEC não resolve problema do setor.

A Portaria 1.428, publicada pelo MEC no final do ano passado e que passa a valer a partir de 10 fevereiro, pode trazer um alento para o setor de educação. O documento dispõe sobre a oferta das Instituições de Ensino Superior (IESs), de disciplinas na modalidade à distância em curso de graduação presencial e permite ampliar de 20% para 40% o total as modalidades de EAD.

A decisão é um dos fatores que impulsionaram as ações do segmento no início de 2019. Porém, especialistas afirma que a alta não é sustentável ao longo do ano, e a volatilidade continuará diante da expectativa de piora dos resultados.

“Esta pode ser a porta de sobrevivência para muitas instituições que sofrem com a baixa procura por cursos de graduação, que se encontra no mesmo nível de quatro anos atrás, e a queda das mensalidades de 10% ao ano, além do aumento da procura dos cursos na modalidade a distância (EAD)”, diz o consultor de educação da Fundação FAT, Francisco Borges, lembrando que, a estes fatores, somam-se a inadimplência e a evasão.

Dependência do Fies

Dobrar o percentual de disciplinas EAD nos cursos presenciais significará para as instituições uma expressiva queda de custos. No entanto, as margens devem permanecer as mesmas ou até diminuir.

“Pela desorganização do mercado e pela grande oferta de vagas, os valores de mensalidades são também reduzidos nas negociações. Cria-se a ilusão de que, com custos menores, a situação operacional está equacionada. É uma sobrevida até que uma nova oportunidade regulatória seja apresentada”, explica o consultor.

Para Borges, a portaria evidencia que o órgão regulador está ciente de que a situação do setor é crítica. “O MEC deu um empurrãozinho extra para as IESs sem, efetivamente, atacar os problemas criados pela intervenção do Governo Federal no setor”, analisa.

Até mesmo as gigantes, como a Kroton, têm sido afetadas nos últimos anos. O programa Fies criou uma distorção no setor, e sua redução levou a um cenário de excesso de oferta e baixa procura. Na Kroton, por exemplo, o percentual de alunos matriculados pelo Fies na graduação presencial no terceiro trimestre de 2017 era de 37%. No mesmo período de 2018, passou para 23,8%. A expectativa é que, em 2020, caia para apenas 7,6%. As outras companhias abertas passam pelo mesmo processo.

Fonte: Mercado Digital – 05 Fevereiro 2019

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