Importância da Gestão de Projetos é tema de evento da Fundação FAT
Importância da Gestão de Projetos é tema de evento da Fundação FAT
Dentre todas as mudanças provocadas pela Revolução 4.0, algumas das mais radicais estão no mercado de trabalho. A nova estrutura da economia e a realização de um número crescente de atividades por máquinas reduzem os postos de trabalho e fazem com que as pessoas passem a atuar profissionalmente, não mais em empregos, mas em projetos, onde, a cada momento, novas tecnologias e metodologias se tornam cada vez mais presentes.
Definição de escopo; dimensionamento de custos e do ciclo de vida de projetos e produtos; gerenciamento de recursos, pessoal e comunicação; o uso de novas tecnologias e metodologias ágeis, dentre outros, tornam-se conhecimentos essenciais para quem quer atuar profissionalmente a partir de agora. Esse novo cenário foi o tema do evento Gestão de Projetos X.0 – a Nova Realidade do Mercado, que a Fundação FAT realizou em sua sede, no número 131 da Rua Três Rios, em São Paulo, no dia 10 de novembro. Alunos e ex-alunos dos cursos superiores do Centro Paula Souza e profissionais do mercado puderam conhecer o que é feito hoje no mundo – e o que será feito nos próximos anos – na gestão de projetos em Administração da Produção, TI e Engenharia Civil em palestras com os coordenadores dos três cursos de MBA que a entidade iniciará, em parceria com a Unifil, em março de 2019.
Cesar Silva, presidente da Fundação FAT, destacou que o ritmo das mudanças impostas pela tecnologia exige um novo tipo de profissional. “O ciclo de vida de um produto ou de um processo, que chegava a durar 100 anos, é hoje extremamente menor. É aí que entra a importância da gestão de projetos. Atuar em qualquer atividade exige que se conheça formas de realizar cada etapa desse processo”, disse. “O Século XXI se caracteriza pelas atividades simultâneas, o que força todos os profissionais a serem gestores de projetos”, afirmou.
Mais do que desafios, a tecnologia traz facilidades. Dentre essas, o coordenador do MBA de Gestão de Projetos com ênfase em Administração da Produção, João Carlos Boyadjan, destacou o fim das distâncias e a complexidade da gestão nesse novo cenário. “As pessoas que realizarão projetos e elas estão no mundo todo. Da mesma forma, existe um catálogo mundial de suprimentos”, disse. Aproveitar essas oportunidades, porém, demanda capacidade de gestão, que demanda o entendimento de diversas variáveis de cada projeto. “Aqueles que realizarão os projetos precisam de treinamentos e capacitações específicas, enquanto que todo material tem sua própria especificação”, disse. Para exemplificar, apresentou um vídeo que mostrava o desenvolvimento de um banco para veículo automotivo. “A concepção surge na Europa, enquanto que o fornecedor está na Ásia e a manufatura, nos Estados Unidos”, ilustrou.
Boyadjan, mestre em Engenharia Naval e Oceânica pela Universidade de São Paulo, especializado em Planejamento e Finanças pela NYU-EUA e em Planejamento de Produção pela FGV, abordou fatores que devem ser administrados em cada etapa da realização de um projeto, desde a concepção do produto até o fim do seu ciclo de vida. “Mas hoje não há uma metodologia padrão. Cada projeto tem de ser pensado de forma própria, caso a caso”, afirmou. Segundo ele, esta realidade norteará o curso de Administração da Produção. Os projetos e cada uma de suas etapas serão estudados por meio da chamada Aula Invertida, em que os alunos estudam os conceitos em casa e realizam os projetos em sala de aula. “Ministrei uma aula de tendências onde a turma pôde conhecer três metodologias ágeis, desenvolver quatro projetos de design thinking e apresentá-los, tudo isso em oito horas. É o que teremos aqui no curso”, diz. A íntegra de sua palestra está disponível aqui.
Ao mesmo tempo em que a Inteligência Artificial faz com que robôs passem a interagir com humanos – de conversas a atendimentos – e a realizar diagnósticos com mais precisão do que as melhores equipes médicas ou indicar investimentos com mais assertividade do que os mais experientes analistas, a geração dos milleniuns, que será 56% da força de trabalho já em 2023, chega com novos valores e uma capacidade de interação com a tecnologia nunca antes vista. “Eles terão acesso a muito mais informações do que qualquer um de nós, mas sem profundidade. Há um excesso de informação, mas que precisa ser analisada, o que não ocorre”, disse em sua palestra José Antonio Paganotti, coordenado do MBA em Gestão de Projetos em TI.
Se por um lado esses jovens trazem desafios quanto a relacionamentos, eles apresentam uma capacidade de interação com as novas tecnologias maior do que a daqueles que estão há mais tempo no mercado de trabalho, e isso será fundamental. “Para se ter alta performance hoje, 10% das atividades são resolvidas por algoritmos, 20% com uso de tecnologia e 70% pelas pessoas, o que se dá, principalmente, por meio da gestão de processos, onde estão os projetos. Num futuro muito próximo, teremos 40% de algoritmos, 50 % tecnologia e 10% de gente”, diz.
Paganotti aponta que as pessoas de hoje vão pertencer à sociedade 5.0., que sabe – ou saberá – usufruir de inovações como cidades inteligentes e veículos autônomos. “Vamos ingressar na 6.0, 7.0 e por aí vai. Por isso, nosso evento trata sobre Gestão de Projetos X.0, que não é o dez do algarismo romano, mas de uma evolução contínua. Daqui a pouco, as pessoas usarão armaduras que as protegem e as conectam com tudo, veículos autônomos, óculos virtuais com transmissores que combinarão realidade aumentada e realidade virtual, misturando-as de uma forma que não saberemos mais diferenciar uma da outra”, disse.
Nesse cenário, até 20% das vagas serão preenchidas por pessoas. “Se continuarmos a produzir a quantidade de desempregados que produzimos hoje, quem consumirá os produtos e os serviços?”, indagou. Por conta disso, o curso enfatizará o empreendedorismo. “A tecnologia barateia dramaticamente tudo. É aí que se faz necessária a capacidade de gerar novos negócios, inovações, que não se tratam de uma novidade qualquer, mas de algo que, de fato, agregue valor”.
Nesse sentido, Paganotti destacou a prototipação como capacidade essencial. “É com protótipos que se apresenta os diferenciais de produtos e serviços. Startups precisam dominar este aspecto, sem o que não há como evidenciar o potencial de suas criações”, afirmou. “Hoje, o gerenciador de projetos é a profissão mais requisitada. É um profissional que conhece as tecnologias, conhece as equipes e coloca isso para funcionar de uma forma mais efetiva”. A palestra completa pode ser vista neste link.
O mesmo se dá na construção civil, setor de mão de obra intensiva que passa por mudanças dramáticas por conta das novas tecnologias. “Na China, um prédio de seis andares foi feito inteiro por uma impressora 3D. Na Holanda, uma vila inteira de chalés foi impressa. Onde está o ser humano trabalhando?”, indagou Fernanda Ferreira, coordenadora do MBA de Gerenciamento em Construção Civil.
Em sua palestra, ela abordou desde a definição do escopo de projetos, prazos e orçamentos à execução e gestão de contratos. “A atividade passa por pela gerência de recursos, qualidade e, principalmente, a comunicação. O gestor de projetos deve administrar recursos, analisar custos, riscos, gerenciar contratos. Tudo isso deve ser integrado, o que é feito hoje com o uso de softwares específicos para a construção civil”, disse.
Dentre outros, ela destacou as ferramentas de engenharia simultânea, que avançam cada vez mais. “O 3D vai passar. O 4D, que possibilita a execução virtual da obra antes de seu início, já tem dez anos. Já o 5D incorpora a questão do orçamento. Cada peça do desenho vira uma composição orçamentária que leva em consideração tudo o que nela é empregado. No 6D, já entra a questão da sustentabilidade, enquanto que, no 7D, entram as facilities”, ilustrou.
A tecnologia no setor vai muito além da impressão. O Big Data chega para organizar a quantidade imensa de informação e conhecimento que cada obra traz consigo. Há softwares e apps para as mais diferentes atividades em uma obra, desde trenas eletrônicas a aplicativos de controle de ponto. “Hoje, ferramentas garantem a eficiência energética, como uso de águas pluviais e consumo de energia, realizam a gestão da segurança, entre outros. Reparos são feitos com drones, que servem também para que clientes e gestores acompanhem o andamento da obra. Tudo isso é feito de forma integrada”, disse Fernanda. Sua palestra pode ser vista na íntegra neste link.
Os cursos de gestão de projetos com ênfase em Administração da Produção, TI e Engenharia Civil da Fundação FAT e da Unifil estão com matrículas abertas. Outras palestras e eventos da Fundação FAT podem ser acompanhados no canal da entidade no YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCjEZx-l0WR3wrbjc2e8_O-w) e no seu perfil no Facebook (https://www.facebook.com/FundacaoFat/).
—
Maurício Palhares
(11) 2506 6509 / 9 9377 4148