IA: Desafios Inexplorados pelos Líderes Corporativos


Inteligência Artificial (IA): desafios ainda não completamente conhecidos pelos líderes corporativos

Ao longo da história, a humanidade atravessou marcos de transformação que redefiniram a organização social e econômica. Desde a invenção da roda até a revolução industrial, a adoção de novas tecnologias tem sido um fator determinante na evolução dos mercados e das sociedades. Agora, estamos diante de um novo salto: a era da inteligência artificial (IA), caracterizada pela capacidade de análise e predição baseada em dados massivos.

Contudo, a ampla adoção da IA ainda enfrenta desafios substanciais. O alto custo de desenvolvimento de soluções avançadas, a falta de regulamentação adequada e a incerteza sobre a eficiência e os riscos da tecnologia são entraves importantes.

Apesar do grande potencial de inovação, muitas empresas ainda estão em fase inicial de implementação da IA e enfrentam dificuldades na capacitação de profissionais e na reestruturação de processos organizacionais.

IA Generativa: prioridade e desafios no mundo corporativo

Uma pesquisa recente realizada com executivos de grandes companhias brasileiras revelou que cerca de 50% das empresas têm o uso de IA generativa como prioridade, mas apenas 9% conseguiram implementá-la em escala e obter resultados significativos.

Nos Estados Unidos, um estudo da consultoria BCG indicou que dois terços dos executivos esperam levar pelo menos dois anos para avançar além da fase inicial de entusiasmo com a IA generativa. Apesar disso, 71% dos CEOs planejam aumentar os investimentos na tecnologia em 2025, refletindo uma confiança crescente em suas possibilidades.

A expansão do ChatGPT e de outras ferramentas de IA generativa impulsionou a oferta de serviços corporativos baseados nesses sistemas. Por exemplo, empresas passaram a adotar chatbots para atendimento, análise de dados preditiva e automação de conteúdo. Entretanto, o uso em larga escala dessas tecnologias também traz riscos significativos. Um desses riscos é representado pelas chamadas “alucinações”, em que a IA gera informações que parecem coerentes, mas são incorretas ou distorcidas.

Diante dos desafios, as empresas que buscam uma implementação responsável da IA estão investindo em mecanismos de governança. Nesse contexto, essas iniciativas incluem monitoramento contínuo do desempenho dos algoritmos, análise de impacto e diretrizes para garantir que a tecnologia gere benefícios reais para os negócios e a sociedade.

Governança e Ética: a chave para o futuro da IA

Todavia, até mesmo grandes organizações encontram dificuldades em reestruturar seus processos para integrar eficientemente a IA, dada a resistência interna à mudança e os receios sobre tomada de decisões automatizadas.

A discussão sobre IA também envolve questões éticas fundamentais. Alguns dos principais questionamentos incluem:

  • A IA pode substituir ou reduzir significativamente o papel humano no trabalho?
  • Pode levar ao desemprego em massa ou à precarização das condições laborais?
  • Algoritmos podem perpetuar preconceitos já existentes na sociedade?
  • A IA generativa pode ser usada para criar e disseminar desinformação em larga escala?
  • Como garantir a proteção de dados e a privacidade dos usuários diante do uso massivo de informações para treinar algoritmos?

IA e Singularidade: ética e governança em foco

A preocupação com a chamada “singularidade” refere-se ao momento hipotético em que as IAs ultrapassariam a inteligência humana. Por consequência, isso levanta alertas sobre os riscos de um uso descontrolado da tecnologia.

Como em todas as revoluções tecnológicas anteriores, a forma como regularem e utilizarem a IA determinará o seu impacto. Se bem aplicada, pode impulsionar a produtividade, melhorar a qualidade de vida e gerar inovações sem precedentes. Entretanto, sem diretrizes claras, pode aprofundar desigualdades e criar riscos imprevisíveis.

Assim como a invenção da roda ou da imprensa redefiniram a sociedade, a IA tem o potencial de inaugurar uma nova era. O desafio para líderes corporativos e formuladores de políticas públicas é garantir que essa revolução ocorra de forma ética, segura e benéfica para todos.

A governança da IA será o fator determinante para que essa tecnologia seja uma alavanca para o progresso e não um vetor de desigualdade e riscos incontroláveis.

IA_foto do autor

Por César Silva, Diretor-Presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) e docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC-SP há mais de 30 anos. Foi vice-diretor superintendente do Centro Paula Souza. É formado em Administração de Empresas, com especialização em Gestão de Projetos, Processos Organizacionais e Sistemas de Informação.

Publicado primeiro em RH pra Você 14 de abril de 2025.
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