Inovação deve ser vista como aliada e não rival da Educação
A inovação tecnológica tem sido importante aliada de diversos setores da economia e não é diferente quando se fala em educação. Um dos setores de serviços mais importantes do país, a educação tem o papel de construir o futuro com a formação dos cidadãos e dos quadros profissionais de todos os outros segmentos de negócios e produtivos do país.
É natural que, diante da sua relevância, seus movimentos de evolução sejam mais ritmados e feitos com consciência associada a políticas públicas. No entanto, o conservadorismo pode ser uma barreira para o seu desenvolvimento.
A grande batalha dos atores importantes deste setor, o segmento da educação seja básica ou superior, tem sido questionar a expansão do EAD, colocar em cheque, de maneira não comprovada, a qualidade dos cursos nesta modalidade.
Não ver o obvio é preocupante, mas lutar contra a movimentação de um segmento tão importante para a inovação tecnológica é, no mínimo, um desserviço ao país.
A presencialidade, no modelo de 5 encontros semanais de 4 horas cada um, com dezenas e até centenas de alunos sentados quietos, dormindo, enquanto um sábio do tema em discussão vocifera verdades, comprova teoremas, deduz equações e mostra todo o seu conhecimento sem ao menos checar se os ouvintes estão na mesma linha de comunicação ou protocolo já era um crime ao bem público, chamado educar, formar cidadãos e profissionais.
O fato é que o modelo educacional presencial seja ele em qualquer etapa da educação precisa evoluir. Hoje, em 2023 é impossível acontecer uma aula sem acesso à internet para que se comprove os conhecimentos e temas discutidos. E a tecnologia está aí para contribuir com todo este processo.
O ressurgimento do presencial é inconcebível, a não ser se o problema central for manter o status quo das instituições presenciais, de antes de 2020, que investiram em campus megalomaníacos, em salas de aulas enormes e laboratórios com computadores que se tornam elefantes brancos dada a necessidade de atualização tecnológica a cada 3 a 5 anos, ou antes.
Ter laboratórios físicos ao invés de laboratórios em nuvem, com acesso remoto em todo o mundo, manter salas de aulas com carteiras enfileiradas, ao invés de salas on line que se desdobram em ambientes de trabalho coletivo, exigir deslocamento do ser físico, ao invés de levar o saber de maneira remoto e universal é levar a montanha a Maomé.
Atualmente, a modalidade a distância, denominada EAD, não deve nada para a modalidade presencial, pois se se construiu a partir de demandas e necessidades dos próprios clientes, que são os alunos e as empresas, utilizando metodologias que definiram trilhas de aprendizagem e permitiram a flexibilidade de acesso no tempo e até fisicamente.
O EAD visa apoiar os estudantes a buscar saberes, fazeres e atitudes que contribua para um perfil demandado no mercado de trabalho e socialmente integrado a realidade social do século 21 e mais.
A preparação para o uso de recursos tecnológicos para desenvolver atividades no mundo do trabalho, aplicando ciências para a análise de dados e tomada de decisões é o grande foco da educação que quer aproximar o estudante das demandas do mundo.
Sem o reconhecimento necessário da importância do EAD e a evolução que ele traz para o ensino, estaremos colocando em risco a produtividade de mais gerações que não suportam o modelo tradicional de escola, e agora com o risco maior de o ChatGPT vir a substituir os trabalhos e pesquisas escolares que eram prova de conhecimento aos alunos.
Educadores, gestores, consultores e reguladores, para aumentar a eficiência da educação devemos olhar para frente e não para trás.
Vamos salvar o ensino, evoluir as instituições tradicionais associando-as a evoluções tecnológicas e não impedindo que elas se transformem para voltar a uma situação de conforto com mensalidades menos acessíveis e conteúdos incompreensíveis.
Publicado primeiro em Monitor Mercantil
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