CEOs vivem roleta russa corporativa
O CEO – Chief Executive Officer significa Diretor Executivo em português – é o profissional com maior autoridade na hierarquia operacional de uma organização, empresa ou instituição. Entre seus desafios corporativos, é o responsável por assegurar que as estratégias sejam propostas e executadas, pela visão da empresa e pelo resultado.
Ele faz a interface entre a equipe executiva e o conselho de administração, composto pelos acionistas mais significativos. Além disso, o CEO conecta a equipe executiva, chamada de C-Level, com as equipes de operação e execução da companhia. Esses são alguns dos desafios corporativos enfrentados na liderança.
Em seu papel de liderança, é responsável pelos resultados, clima organizacional e identidade da empresa. Ele enfrenta pressão continuamente. Nos últimos tempos, os mantenedores e seus representantes têm perdido a paciência mais facilmente. Qualquer sinal de risco no cumprimento de metas e resultados agrava essa situação.
Pressões e Desafios dos CEOs
Por isso, os desafios corporativos do CEO se tornam ainda mais evidentes. Como resultado, ele é considerado o grande responsável e precisa arcar com as consequências dos insucessos com o seu cargo.
Este é um alerta para quem ainda acha que ser CEO é o cargo dos sonhos. Em 2024, 202 CEOs de grandes empresas pediram para sair, ou foram “convidados” a sair, o que representa um aumento de 9% de desligamentos voluntários ou não, em relação a 2023.
Nós analisamos profundamente os 202 casos de desligamento de CEOs em 2024. Como resultado, identificamos que 43 deles não esquentaram suas cadeiras por 36 meses consecutivos.
O cargo de CEO virou uma verdadeira roleta-russa corporativa. A qualquer momento, um investidor ativista impaciente pode puxar o gatilho e disparar uma ação de insatisfação. Isso ocorre junto aos seus sócios no conselho de administração ou mesmo em comitês isolados. Esses desafios corporativos minam a gestão e liderança do CEO.
É no setor de tecnologia, onde a informação flui com mais velocidade, as apostas são mais altas e as expectativas também, que acontece um verdadeiro cemitério de executivos. Assim, foram 40 CEOs desligados das companhias, deixando os seus cargos. Se compararmos os números de 2024 com os de 2023 vemos um aumento surreal de 90% na saída dos CEOs dos seus cargos de liderança corporativa.
Desafios corporativos no setor de tecnologia
A inteligência artificial está revolucionando tudo. Além disso, há pressão por resultados impossíveis prometidos nos orçamentos para fazer os acionistas felizes no final dos anos. Com investidores mais críticos, que agora só querem saber de “entrega rápida” no setor de tecnologia, os desafios corporativos aumentam. Como resultado, os CEOs escorregam de seus assentos por não sustentarem os resultados prometidos, mesmo com ações intensas de redução de custos.
Este cenário é bem representado por Par Gelsinger, ex-CEO da Intel, que aprendeu isso do jeito mais doloroso. Com efeito, se comprometeu com resultados audaciosos, misturando compromissos de receita com plano denso de redução de custos. Dessa forma, ao não conseguir virar o jogo, virou parte da estatística de 2024.
Ainda no setor de tecnologia da informação, dos novos CEOs, os substitutos, 73% vieram de dentro da própria empresa, a maior taxa dos últimos seis anos. Ou seja, nada de grandes revoluções: são novos CEOs que eram executivos já treinados no setor, mas agora tendo que se preparar na arte de sobreviver ao board (conselho de administração).
Caso seja convidado para ser CEO, vale a pena uma profunda reflexão, se os planos a serem executados e as metas a serem atingidas são factíveis, a vaidade pelo cargo deve ser deixada como segundo plano na decisão. O cargo de CEO – Chief Executive Officer virou sinônimo de escrutínio máximo, pressão absurda e burnout inevitável.
Esta situação de pressão e desgaste se expressam nos dados que mostram que 85% dos novos CEOs estão assumindo pela primeira vez este papel (nobre, mas perigoso), enquanto os CEOs que saem preferem a aposentadoria a assumir outro cargo igual.
Pressões e Desafios dos CEOs
Quem sobrevive a anos de liderança corporativa, corre para um board confortável ou para um projeto pessoal longe da insanidade corporativa.
O único lugar no mundo onde a dança das cadeiras não aconteceu no ano de 2024, foi no Reino Unido, o cenário foi o oposto. A crise econômica percebida e vivida no Reino Unido fez com que apenas 12 CEOs do FTSE 100 (as 100 maiores empresas listadas na bolsa de valores de Londres) saíssem de seus cargos e empresas em 2024.
Como resultado, isso representou uma queda de 14% em relação ao ano anterior, o que foi o inverso de todo o resto do mundo. Afinal, se o mundo já está desmoronando, ninguém quer chutar o comandante do barco no meio da tempestade, este foi o racional no Reino Unido.
O CEO virou a primeira peça a ser descartada, passou a ser o cargo mais arriscado do mundo corporativo. Cada vez mais pressionado, cada vez menos desejado.

Por César Silva, diretor Presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) e docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC-SP há mais de 30 anos. Foi vice-diretor superintendente do Centro Paula Souza. É formado em Administração de Empresas, com especialização em Gestão de Projetos, Processos Organizacionais e Sistemas de Informação.
Publicado primeiro em: https://rhpravoce.com.br/colab/desafios-corporativos-ceos-enfrentam-riscos-diarios
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