
Os educadores presentes foram orientados a construir objetos simples, de abajures a enfeites, que utilizavam lâmpadas de led, desde a concepção dos projetos até a confecção de cada componente e montagem final. Após a atividade prática, os participantes escreveram em postits as atividades que realizaram ali e os agruparam em uma parede, proporcionando a visualização do que aconteceu em cada etapa do processo.
“Vimos reunidos blocos de postitis com verbos como criar, imaginar, compreender, montar, entre outros. A ideia é fazer com que compreendam o que se faz em cada fase de um projeto”, explica Orlando Lobosco, cofundador do Mundo Maker, iniciativa criada em 2015 que visa, por meio da realização de atividades práticas, transmitir conhecimento a alunos. “Hoje, objetos virtuais carecem de significado. As crianças são habituadas a eles porque este é o modelo de mundo que lhes oferecemos. Basta elas terem contato com objetos físicos ou projetos eletrônicos ou mecânicos que elas assimilam”, afirma.
Olívio Fernando Fregolente, consultor da Fundação FAT para Educação Básica, destacou o modelo de aula apresentado como uma alternativa para que educadores coloquem o aluno no centro do processo de aprendizagem, aproximando o saber do fazer, o que é a principal proposta da BNCC. “A Base Nacional Curricular não é currículo. Ela apenas aponta os objetivos. Os currículos, que devem ser feitos pelos educadores de cada instituição, passarão a levar o fazer para a sala de aula, a fim de que os alunos, ao passarem por diferentes processos, possam assimilar conhecimento com significado”, disse.
Um dos presentes, Robson Alves dos Santos, é professor de didática em instituições de ensino superior. Embora o modelo seja voltado para o Fundamental, ele pretende aproveitá-lo com suas turmas. “Um modelo criativo inicialmente criado para outro nível do ensino pode ser adaptado e levado para a graduação e pós-graduação. Não me satisfaz o modelo presencial. A exposição do conteúdo é necessária, mas é preciso mostrar para que ele serve. Aqui, vivenciei um modelo interessante sobre como deve ser a construção coletiva de conhecimento, o que agrega bastante”, disse.Outra participante, Luciana Louro, também se surpreendeu com o modelo de aula apresentado. Embora a metodologia Maker seja empregada no Imatech (Instituto de Matemática, Arte e Tecnologia), onde é diretora pedagógica, o evento lhe apresentou uma concepção nova, ao propor o contato do aluno com tarefas mais simples. “O Imatech se preocupa há muito tempo com tecnologia, mas tecnologia não é só a digital; é qualquer técnica usada para solucionar um problema. É preciso lembrar que toda inteligência artificial é precedida pela inteligência humana”, afirma.